domingo, 1 de junho de 2008

Arroz com feijão

Ele cozinha. Sei que isso pode não parecer grande coisa atualmente, quando tantos homens também o fazem. Aliás, homem que cozinha é um exemplar que está totalmente in. Todo moço moderninho que se preze sabe cozinhar. Eles podem ser encontrados aos montes nos cursos livres de culinária – outra coisa tão de moda quanto homem que cozinha.

E não estou falando do churrasco, único reduto culinário reservado à geração dos nossos pais e tios – e que, no fim, acabava dando mais trabalho é para as mães e tias mesmo, que tinham que fazer o arroz, a farofa, o vinagrete, a sobremesa... O homem atual gosta é de preparar pratos sofisticados: steak ao poivre, risoto de aspargos com brie, espaguete com vôngole e por aí vai. Tudo, claro, com a ajuda de seu megafogão de inox e dos mais turbinados utensílios de silicone.

Em geral, o que esse homem quer é impressionar o sexo oposto. Afinal, qual mulher moderna e boa de garfo resiste a um homem que cozinha? Como muitos deles fizeram também um minicurso com um enólogo, aproveitam para terminar de impressionar a pretendente desfilando seus conhecimentos sobre o vinho que é servido junto com o risoto (um dos pratos preferidos do homem que cozinha, aliás).

A estratégia de conquista é tão bem sucedida que houve inclusive quem terceirizasse o serviço. Lembro-me de um texto de um crítico de gastronomia contando que já preparou inúmeros jantares românticos para amigos que queriam impressionar as garotas fingindo ter cozinhado para elas – na hora H, ele deixava tudo pronto e saía de fininho. Isso, claro, acontecia na época em que não existiam os cursos livres de culinária.

Mas este texto é sobre o meu homem, e ele é diferente. Ele aprendeu a cozinhar quase sem querer, por necessidade e, sem fazer alarde, foi levando jeito para a coisa. Apesar de gostar de comer pratos sofisticados em restaurantes, ele quase não os prepara: faz, sim, um arroz delicioso, soltinho, com a consistência perfeita e um toque de caldo de legumes que faz toda a diferença; um bife à milanesa sequinho e crocante; um estrogonofe igual ao de mãe. Seu purê de mandioquinha, então, é de comer rezando. Até a singela salada verde fica deliciosa com as folhas picadinhas e o molho certo.

Ele faz tudo isso em um fogão simples e de quatro bocas. Em vez de luvas de silicone, usa o pano de prato dobrado para tirar as coisas do forno. Ele também não cozinha só à noite ou nos fins de semana, em jantares românticos: faz almoço mesmo, quase todo dia, às vezes só para ele, às vezes para nós dois. Eu o ajudo e vez por outra tomo a dianteira. Mas, por mais que me esforce, não tenho o mesmo tino, a sensibilidade para dosar a quantidade de tempero, para saber a hora de tirar a panela, de parar de mexer ou de abaixar o fogo. Coisa de quem tem talento. Como o meu homem.

Ele não se gaba disso e tenho minhas dúvidas até se ele sabe que leva esse jeito todo para a coisa. Ele simplesmente cozinha: arroz, feijão, bife, batata, abobrinha refogada. E eu acho lindo.

3 comentários:

louraidan larsen disse...

q texto mais bacana, sô! mas aposto que o andré, agora, sim, está se gabando todo!

Rackel disse...

O meu faz quiche!!!

huahuahua
(ele é frances, e isso é comida bem 'arroz com feijão' lá! rs)

Só sei q não é bom a gente fazer mta propaganda desses machos por aí não...

Lih disse...

Ele cozinha bem mesmo!
Outro dia eu fui visitar a Flávia e tinha um ensopado de carne com batata muito bom!!
hehehe
Que orgulho! É o casal mais 20 que eu conheço!

Bjs

-- Daki a pouco vou começar a chamar de Casal 30 :P rsrssr